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Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela, em Santa Marinha. Um espaço com alma, onde pastores e ovelhas Serra da Estrela recebem uma justa homenagem

Inaugurado há um ano, o Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela (CIOSE), situado na vila de Santa Marinha (Seia), tem como missão preservar, divulgar e valorizar a raça autóctone Ovelha Serra da Estrela e, ao mesmo tempo, homenagear os pastores da região serrana. Um espaço grandioso que disponibiliza um acervo muito interessante. Entre as várias peças aqui expostas, destaque para duas: uma Ovelha Serra da Estrela à escala real, elaborada em filigrana portuguesa e um Cálice em talha dourada de escala considerável, com a inscrição no interior dos nomes de 241 pastores. “Todas estas peças são originais e foram idealizadas pela equipa do Grupo O Valor do Tempo, com um espírito de total empenho, dedicação e muita crença”, refere, em entrevista, Luís Ferreira, diretor geral do CIOSE.

Jornal de Santa Marinha (JSM): Há um ano, mais precisamente a 8 de dezembro de 2023, foi inaugurado, na vila de Santa Marinha, o Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela (CIOSE). Como e por que razão surgiu a ideia de um Centro desta natureza em Santa Marinha? Luís Ferreira (LF): Considero ser importante efetuar, primeiro, um enquadramento mais abrangente referindo que o Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela é mais um dos projetos desenvolvidos pelo Grupo “O Valor do Tempo”, que detém mais outros espaços, como o Museu Nacional do Pão, A Brasileira do Chiado, a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa e a Joalharia do Carmo, entre outros. Apesar de conceitos e espaços diferentes entre si têm uma forte ligação subjacente à matriz identitária do Grupo e que podemos reconhecer em três eixos: primeiro a paixão por Portugal e a obsessão de valorizar o Património Cultural Português, convertendo preciosidades históricas em experiências icónicas, em espaços plenos de História e Magia; depois a implementação de um novo modelo de economia social focada no respeito pela condição humana e com a missão de democratizar o acesso à cultura, dando primazia às pessoas e à história, conjugando com a economia em beneficio mútuo e, por último, a coragem em conseguir materializar esta nossa crença na defesa e valorização da origem e autenticidade da nossa História. Nesse sentido, o lançamento do Centro Interpretativo acaba por ser uma consequência natural do que o Grupo tem feito nas últimas décadas na região, com a criação do Museu Nacional do Pão, em 2002, da Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau com Queijo Serra da Estrela DOP, em 2015, e outras tantas iniciativas. Identificada a importância que o Pastor e esta raça autóctone tem na etnografia da nossa região, decidimos instalar o Centro Interpretativo com a missão de preservar, divulgar e valorizar esta raça, a sua importância económica, histórica e cultural nesta região. Desta forma, o Centro procura que esta atividade e tradição, que é o elemento mais forte que a região tem, perdure eternamente. O espaço acaba, assim, por homenagear os pastores onde aqui podem encontrar a sua casa, onde se reveem e se identificam com o seu dia-a-dia e onde as ovelhas são uma extensão de si mesmo. O local, Santa Marinha, surge naturalmente, por ser uma das freguesias que, historicamente, sempre teve e tem mais rebanhos, rota económica importante da agricultura, pastorícia e da lã desde o tempo dos romanos, e parte integrante do Concelho de Seia, que nos viu nascer há mais de 25 anos.

JSM: O Centro está situado num edifício icónico, com história…

LF: É verdade, foi uma coincidência feliz termos conseguido adquirir este edifício, que data do Séc. XVIII, que já foi Casa da Câmara e Cadeia e, ainda, Tribunal, inserido na Praça do Pelourinho de Santa Marinha, praça que é classificada como imóvel de interesse público. Entendia-se que, para instalar o Centro Interpretativo, tínhamos de encontrar um imóvel e local que fizesse também justiça à nobreza do projeto e a todo o pensamento que está vamos a desenvolver para o efeito, nomeadamente, muito respeito pelos pastores e, nesse sentido, fomos felizes.

JSM: Ao falarmos no CIOSE, temos de, inevitavelmente, falar do Museu de Pão de Seia, um Museu que anualmente recebe milhares de visitantes. Quem visita o Museu, visita o CIOSE?

LF: Naturalmente que sim. Foi no Museu Nacional do Pão que tudo começou, pensado desde 1998 e aberto ao público em setembro de 2002. É o nosso conforto emocional, onde regressamos, sucessivamente, para nos inspirarmos e reforçarmos a certeza de acreditar que tudo é possível. O Museu Nacional do Pão já recebeu, aproximadamente, dois milhões de visitantes, feito notável, sendo uma das maiores referências museológicas de Portugal e o maior complexo dedicado ao tema em todo o mundo. Atendendo à experiência adquirida pela equipa museológica foi fácil perceber que tínhamos aqui a oportunidade de coincidir as duas realidades e que o Museu do Pão, nesta fase inicial, poderia ser um apontamento importante para direcionarmos visitantes para Santa Marinha, trabalho que tem vindo a ser efetuado. Notar, também, que os dois temas, a atividade de pastoreio e o pão, são muito impactantes na nossa região e que se ligam por estarem na base da atividade agrícola. Assim, muitas das visitas ao Centro Interpretativo têm origem no Museu do Pão, atendendo que quem visita este tem, também, acesso livre ao Centro da Ovelha Serra da Estrela.

JSM: Após um ano de existência, quantas visitas já recebeu o CIOSE?

LF: É com muito orgulho que afirmamos que, neste primeiro ano de existência, já ultrapassámos, há algum tempo, os dois milhares de visitantes, de onde se destacam, maioritariamente, os portugueses, e que mais de 90% das visitas são efetuadas em contexto familiar atravessando, por vezes, três gerações. Esta caracterização dos visitantes que recebemos é muito importante para o Centro Interpretativo, porque é uma oportunidade de passarmos aos mais novos a importância deste património cultural que, por vezes, é reforçado oralmente por um familiar mais velho que já foi pastor, criando, dessa forma, memórias futuras nas gerações mais novas.

JSM: O que é que os visitantes podem encontrar neste espaço?

LF: O Centro Interpretativo da Ovelha Serra da Estrela está dividido em três salas expositivas: no piso de entrada, o tema desenvolvido está centrado na Ovelha Serra da Estrela; o piso intermémédio está dedicado ao ciclo da lã e, por último, temos uma sala dedicada ao Pastor e à sua atividade. Diria que o Centro Interpretativo disponibiliza um acervo muito interessante e um conjunto de momentos de experiências sensoriais que estimulam os sentidos e nos aproximam ao tema do pastoreio, acompanhados de informação técnico-científica para que os nossos visitantes obtenham conteúdo que lhes permita compreender a importância desta atividade para a região e para o país. De entre todas as peças que temos presente no Centro Interpretativo, eu destacaria, então, três: à entrada uma obra de arte personalizada numa Ovelha Serra da Estrela à escala real, elaborada em filigrana portuguesa certificada, com 110 cm, 15kg de prata dourada, trabalhada com fio torcido, com mais de sessenta mil soldaduras que simulam a lã. Um trabalho colaborativo que envolveu 17 artesãos, entre mestres filigraneiros, ourives e enchedeiras e que levou mais de três mil e quinhentas horas para concluir; depois, um Cálice em talha dourada de escala considerável, com a inscrição no interior dos nomes dos 241 pastores que estão registados no Livro Genealógico da raça ovina Serra da Estrela. E, por último, temos, ao longo das três salas, um conjunto de Tapetes de Arraiolos, originais, que simbolizam o ciclo económico da Ovelha Serra da Estrela e que foram trabalhados com a lã Serra da Estrela. A intenção de apresentar a Lã em forma de Tapete de Arraiolos é o resultado do compromisso assumido pelo Grupo “O Valor do Tempo” que, desde 2021, compra a totalidade da Lã de Ovelha Serra da Estrela. Todas estas peças são originais e foram idealizadas pela equipa do Grupo “O Valor do Tempo”, com um espírito de total empenho, dedicação e muita crença.

Uma das observações mais recorrentes deixada pelos nossos visitantes é que “O Centro Interpretativo tem alma, apetece ficar…” e esse facto é um orgulho enorme para todos.

Portanto, pode constatar-se que tudo o que fazemos tem como propósito dignificar e valorizar a nossa História e as respetivas pessoas que a constroem, todos os dias. E foi por isso que, desde 2020, decidimos valorizar o leite de Ovelha Serra da Estrela e a Lã Serra da Estrela em mais de 100%, e que, para o primeiro trimestre de 2025, na rua das Flores, Porto, vamos proceder à abertura de um espaço de Artes e Ofícios dedicado à Lã Serra da Estrela com um atelier de tapetes de arraiolos onde vai ser possível, aos nossos visitantes, conhecer a história, comprar e observar as bordadeiras a elaborar estas peças de arte. Para terem mais informação sobre o Centro, desde conteúdos a horários, aconselho a visitarem o website em www.ovelhaserra daestrela.pt

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