PARÁGRAFOS. Há os dissertativos, os narrativos, os descritivos e ainda os convenientes. Na sequência do célebre episódio do último parágrafo do comunicado da PGR, foi sempre minha opinião que António Costa se armou em vítima e, esperto como é, viu logo ali um argumento e um pretexto para abandonar o governo, o país e os portugueses. Manifestei essa opinião nesta coluna desde a primeira hora, repeti-a posteriormente e hoje mantenho-a, reforçada. António Costa vitimizou-se, abandonou os amigos que afinal não o eram, esqueceu-se que Portugal era o seu grande desígnio, fugiu e foi a correr para a Europa, onde os elementos textuais têm outro encanto.
COSTAS. O país chegou ao estado a que chegou pela inação dos Costas habilidosos deste país. Veja-se o ridículo da situação. António Costa foi negociado, e não eleito como foi várias vezes referido, para o cargo de presidente do Conselho Europeu porque, na opinião da maioria dos comentadores e apoiantes, ele é excelente a “fazer pontes” e a negociar pois, se o cargo exigisse capacidade de execução, já não teria o perfil adequado. É a assunção da mediocridade, pois fomos governados, durante oito anos, por alguém capaz de encontrar parceiros para jogar às cartas e distribuir jogo, mas incapaz de utilizar os trunfos que lhe saíram em sorte.
Depois, fala-se nas vantagens para Portugal resultantes do prestígio do cargo ocupado por Costa.
Se Portugal é o que é, um país pobre e desigual, com o prestígio de António Guterres, António Vitorino, Durão Barroso, Álvaro Santos Pereira, Vítor Gaspar, Ferro Rodrigues, Vítor Constâncio, e… nem consigo imaginar onde estaria Portugal sem esse capital prestigiante.
BOLOS. Se os próximos manuais da ciência política quiserem indicar um bom exemplo da hipocrisia, podem escolher este. A política tornou-se um enorme bolo e aquilo que se passou na Europa, ao repartirem as fatias do bolo em função dos interesses das “famílias” políticas e das trocas de favores e não dos interesses e angústias dos europeus, é o que, paulatinamente, vai fazendo com que os cidadãos queiram mudar de cozinheiros.
TOLOS. Há sempre alguém que acredita na “História da Carochinha”, pelo que histórias deste género têm sempre (e)leitores, sobretudo quando há alguém a cantar bem à janela e moedas de ouro a ganhar.
COM PARÁGRAFOS, COSTAS E BOLOS SE ENGANAM OS TOLOS