“Quando regresso a Seia e sempre que me é possível, gosto de ver um filme no cinema, na Casa da Cultura […] Local onde, infelizmente, ainda não tive oportunidade de ver nenhum projeto em que tenha trabalhado.”
Diogo Almeida cresceu em Figueiredo, Seia, e fez o seu percurso académico nas várias escolas do concelho. Em 2017 saiu da sua terra natal para estudar Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema, com especialização no ramo de Imagem. Dois anos depois, em 2019, mudou-se para Toronto para concluir os estudos no curso de Broadcasting – Film, TV, Digital Media & Radio, no Story Arts Centre da Centennial College, com a intenção de, em seguida, emigrar e integrar nas indústrias cinematográficas canadianas de Toronto e Vancouver. Contudo, a pandemia veio alterar os planos deste jovem, uma vez que as fronteiras do país foram encerradas e as emissões de novos vistos de trabalho foram congeladas. Esta situação levou Diogo Almeida a regressar a Portugal e integrar projetos na indústria local. Atualmente está a residir em Lisboa e trabalha não só em cinema (filmes, séries, curtas, documentários), como, também, em publicidade, videoclips e, ocasionalmente, eventos ao vivo. Trabalha em projetos nacionais e internacionais, destacando-se Rabo de Peixe, Causa Própria, Histórias da Montanha, Praxx (nacionais), ou internacionais como After Everything, De Perdidos a Rio, Matildas; e eventos como Louis C.K. ao vivo em Amesterdão. Não tem intenção de regressar, porque, a sua carreira não o permite e, como refere, não é em Seia que, atualmente, se encontram aqueles que lhe são mais próximos. No entanto, sempre que pode gosta de voltar e dar a conhecer um pouco de Seia ao resto do mundo, quer pelo convite que faz aos amigos para visitarem a Serra da Estrela durante a época da neve e, também, durante todo o ano, quer através dos queijos e enchidos, que, como diz, acaba por “traficar” para quando está de volta a Lisboa dar a saborear aos amigos e colegas.
Jornal Santa Marinha (JSM): O Diogo é senense, mas encontra-se fora do concelho. Fale-nos um pouco de si, em que localidade do concelho de Seia nasceu, do seu percurso escolar, da sua formação superior… onde reside atualmente e o que faz.
Diogo Almeida (DA): Cresci em Figueiredo e estudei nas várias escolas do concelho até me ter mudado para Lisboa, em 2017, para estudar Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema, com especialização no ramo de Imagem.
Em 2019 mudei-me, de novo, desta vez para Toronto para concluir os estudos no curso de Broadcasting – Film, TV, Digital Media & Radio, no Story Arts Centre da Centennial College, com a intenção de, em seguida, emigrar e integrar as indústrias cinematográficas canadianas de Toronto e Vancouver.
No entanto, a pandemia de 2020 fechou as fronteiras do país e congelou a emissão de novos vistos de trabalho, tendo sido forçado a voltar para Portugal.Com os contactos que já tinha estabelecido em projetos paralelos durante o período em que me encontrava a estudar em Lisboa, comecei a desenvolver trabalho na indústria local. Consegui integrar-me bem na indústria local e estou satisfeito com a escala dos projetos que tenho tido oportunidade de fazer, quer a nível nacional, como internacional.De momento encontro-me estabelecido, na maior parte do tempo, em Lisboa, mas estou constantemente a viajar, de acordo com as necessidades de cada projeto.
JSM: Por que razão deixou a sua terra natal e não voltou?
DA: O segmento da indústria em que integro (departamento de imagem) não tem um carácter de trabalho remoto. Logo, é essencial estar próximo de Lisboa, naquele que é o maior (e para muitos o único) epicentro da, relativamente pequena, indústria cinematográfica nacional, onde estão todos os estúdios, produtoras, casas de equipamento e meios logísticos para a produção de conteúdo.
JSM: O que é um DIT e que funções desempenha?
DA: Um DIT(Digital Imaging Technician) é o responsável pelo lado técnico da imagem digital nas diversas fases da produção, desde o desenvolvimento do “look” do projeto com o Diretor de Fotografia durante a pré-produção, preservação e ajuste do mesmo durante a produção, calibrando, monitorizando e fazendo o controlo de qualidade do material filmado, e ponte de comunicação entre o set e o departamento de pós produção. Depois há o AC/Focus Puller (Assistant Camera) que, ainda que técnico, o seu trabalho remete mais para o lado logístico do departamento de câmara, através da preparação, operação e organização do equipamento utilizado e coordenação da equipa de imagem adicional, como outros assistentes e operadores de vídeo. E claro, focar a imagem durante a captação da mesma.
Eu trabalho não só em cinema (filmes, séries, curtas, documentários), como também publicidade, videoclips e, ocasionalmente, eventos ao vivo.
Dependendo do projeto, desempenho um, de dois cargos distintos, ainda que ambos pertencentes ao departamento de imagem.
JSM: Já trabalhou em diversos filmes e séries. Quer destacar alguns?
DA: Sim, a diversidade entre todos os projetos é dos aspetos que mais gosto naquilo que faço. Destaco alguns projetos nacionais como Rabo de Peixe, Causa Própria, Histórias da Montanha, Praxx; Co-produções como Cold Haven, 18 Holes to Paradise; internacionais como After Everything, De Perdidos a Rio, Matildas; e eventos como Louis C.K. ao vivo em Amesterdão;
JSM: Que projetos está a desenvolver neste momento?
DA: Neste momento estou de regresso a Lisboa, após uma semana no Algarve onde estive a filmar alguns videoclips em película para uma artista local. As grandes produções de 2025 dos próximos meses estão, ainda, por se iniciar e tratam-se de projetos dos quais, infelizmente, não posso falar enquanto os mesmos não forem oficialmente anunciados.
JSM: É difícil ser DIT em Portugal? É uma área em ascensão?
DA: O trabalho de DIT é uma função muito específica cuja existência numa equipa de cinema exige, por si, já uma certa escala de produção, sendo, de certo modo, dispensável ou vista como um luxo em projetos de menor escala, logo o mercado nacional para o mesmo é considerado relativamente um nicho naquela que é, já por si, uma indústria de escala pequena. Esta é, no entanto, complementada pelo surgimento recente de produções internacionais de maior escala em território nacional e acrescida complexidade do lado técnico que se tem vindo a dar nos últimos anos.
JSM: Vem frequentemente a Seia? Quando regressa, o que mais gosta de fazer?
DA: Volto menos do que gostava, pois os meus horários e calendário não me permitem fazê-lo com frequência. Depois, a ausência dos amigos que, na altura, tinha por Seia, devido a também se terem mudado para fora, não deixa muito para fazer, neste que é já uma zona remota. Logo, as minhas visitas são mais focadas em questões logísticas que acabo por tratar quando estou em Seia e ajudo a minha família em tudo o que ela precisa. Para além disto, gosto de estar com eles e saber como estão.
Quando estou por Seia gosto, também, de aproveitar a calma para conduzir um bocado pela serra e ver como tudo tem mudado pela cidade desde a última vez que a visitei. E claro, sempre que possível, ver um filme no cinema, na Casa da Cultura de Seia, quando o seu limitado calendário e seleção de filmes o permitem. Local onde, infelizmente, ainda não tive oportunidade de ver nenhum projeto em que tenha trabalhado.
JSM: Como caracteriza o seu concelho? Sente saudades da sua terra?
DA: É um cantinho do mundo do qual sempre terei saudades e boas memórias. Mas já não é o local com o qual mais me identifico, uma vez que tenho vivido, um pouco por todo o lado e é nestes locais que tenho passado os anos mais interessantes da minha vida.
JSM: Sente-se um senense de sucesso fora da sua terra natal?
Sucesso é relativo, mas estou muito satisfeito com a carreira que tenho e considero um privilégio poder dizer que faço o que gosto.
JSM: Pensa regressar?
DA: Julgo que não. A minha carreira não o permite e não é em Seia que, atualmente, se encontram aqueles que me são mais próximos. No entanto, tenho sempre o gosto de voltar e dar a conhecer um pouco de Seia ao resto do mundo, quer pelo convite que faço aos meus amigos para visitarem a Serra da Estrela durante a época da neve e, também, durante todo o ano, quer através dos queijos e enchidos que acabo por “traficar” para os amigos e colegas quando estou de volta a Lisboa. É uma maneira de eles saborearem um produto maravilhoso da nossa região.