Não fomos dizendo que as forças políticas com assento parlamentar, com destaque para CHEGA, PS, PSD e Iniciativa Liberal andavam sempre em campanha eleitoral permanente? Pois é, tal como na demissão de António Costa, só faltava o pretexto, o tal “momento oportuno”. Com António Costa, que não se molestou muito com os sucessivos casos que envolveram membros do seu governo, o pretexto foi uma referência da PGR de que estaria a ser investigado. Tendo-lhe tocado pessoalmente, transformou as alegações da PGR em pretexto excelente para “sair” do barco e ficar livre para rumar a Bruxelas, ficando, assim, salvo das amarras que Marcelo lhe colocou na tomada de posse. Assim se “estoirou” com uma maioria absoluta. Com Montenegro a “coisa” foi diferente. Como diferente o contexto. Apesar de, no entanto, terem começado, também, os casinhos a envolver membros do seu governo. Com o governo da segunda AD parece indesmentível que Luís Montenegro passou para lá do aceitável. O desfecho era inevitável. Luís Montenegro exagerou, inclusive, no descaramento, ao ir jogar golf com o “amigo” da Solverde dois dias depois do debate da moção de censura apresentada pelo CHEGA. Foi longe demais ao tentar banalizar uma situação completamente anómala. Depois, tentou dramatizar com a duração da comissão de inquérito. Ou seja, foi desafiando a dignidade de Pedro Nuno Santos e do PS. Perdeu a votação da moção de confiança, mas ganhou a oportunidade de ir, de novo, a eleições, que, creio, era mesmo o que mais desejava.
As presidenciais vão marcar o início de 2026 e, para já, apenas dois nomes parecem confirmados – Gouveia e Melo e Marques Mendes, apesar do primeiro ainda o não ter anunciado formalmente, mas parece ser inevitável. Não me parecem relevantes as afirmações sobre o Almirante Gouveia e Melo relativamente ao facto de não “ter pensamento ou experiência política”. Primeiro, a esmagadora maioria das pessoas têm um pensamento político, mais ou menos estruturado e melhor ou pior fundamentado, mas todos, ou quase todos, fazemos “análise” política. Por isso considero insultuoso esse tipo de argumentação. Depois, se os “políticos experientes” quisessem reservar, para si, o exclusivo da “função “presidencial”, deveriam alterar o nosso sistema político e imitar a Itália em que o Presidente é eleito por uma Câmara – no caso português a Assembleia da República. E não me parecia nada mal – tal refletiria, à exaustão, a importância estruturante que os partidos políticos têm no sistema político português.
Luciano Ribeiro tem boas razões para se sentir confortado relativamente às próximas autárquicas. Vai ter a cidade capital do concelho transformada num gigantesco estaleiro, com as obras na Escola Secundária e no Serviço de Emprego, provavelmente o quartel da GNR e vai poder inaugurar o Centro de Saúde de Seia renovado. Além disso, inaugurou o Centro de Interpretação da República, viu finalizada a intervenção do PEDU que renovou completamente a “baixa” de Seia e permitiu introduzir alterações significativas no parque da cidade e na zona onde se realizava a feira semanal. E ainda assistiu à renovação de um importante espaço comercial. Tudo argumentos para uma caminhada tranquila até um segundo mandato. A ver vamos.