Uma palavra sobre os desenvolvimentos no palco político americano. A saída de Biden da disputa eleitoral peca por tardia. Por muito que o próprio insistisse nas suas capacidades para enfrentar Trump foi-se tornando cada vez mais visível a sua “inferioridade” face a um truculento candidato republicano que continua arrogante e mal-educado.
Tornava-se evidente que, com Biden pelos democratas, Trump venceria as eleições. Diferentemente, Kamala Harris terá mais capacidade para derrotar Trump, pois é mais impetuosa, determinada e convincente e com um currículo e histórico que consegue atrair muitas franjas de eleitorado feminino e não só. Há apenas um senão no “programa” de Kamala: em matéria fiscal, as suas propostas poderão consolidar muitos eleitores ao lado de Trump, já que a classe média americana, numerosa e ciosa dos seus rendimentos, dificilmente aceitará um “assalto” aos seus bolsos.
Por cá o panorama político continua em cenário de permanente pré-campanha eleitoral. Convenhamos que não poderia ser de outra forma. Sem maioria no parlamento, a AD (ou o PSD?) não consegue aprovar o que quer, recorre às autorizações legislativas concedidas pelo parlamento para legislar por decreto (correndo o risco de, posteriormente, o parlamento alterar as suas medidas) e tem de se ir sujeitando a que o parlamento aprove leis contra a sua vontade. No meio de tudo isto vão-se esgrimindo acusações, insinuações e provocações típicas de um ambiente de pré-campanha eleitoral. Evitando atirar mais achas para esta fogueira, ao contrário do que a comunicação social ainda especulou – que não promulgaria – o Presidente da República promulgou a legislação aprovada na Assembleia da República e apresentada pelo Partido Socialista relativa à isenção de pagamento nas SCUTS e à baixa do IRS. Seria muito mau o contrário, colocando o Presidente numa situação de provocação perante outro órgão de soberania. Não há dúvida que o atual governo não tem vida fácil, ainda por cima com Pedro Nuno Santos a lembrar que nas europeias o Partido Socialista foi o partido mais votado e que a diferença do número de deputados entre o PS e a AD é muito “poucochinho”. O que temos, é, pois, um permanente aquecimento das máquinas para a eleição sem data marcada, mas que pode acontecer a qualquer momento.
Por aqui já se sabe que Luciano Ribeiro conduzirá os destinos da concelhia de Seia do PS nos próximos dois anos, na sequência de uma votação expressiva face aos eleitores inscritos e com lista única. Será, obviamente, o candidato socialista à presidência da Câmara de Seia nas autárquicas de 2025 não se descortinando, para já, que outras figuras disputarão com Luciano a autarquia senense. Herdeiro de um passado histórico de vitórias consecutivas, Luciano Ribeiro não deverá ter grandes dificuldades em vencer as eleições mas, face aos resultados dos últimos eventos eleitorais – autárquicas, legislativas e europeias – o panorama na assembleia municipal pode mudar muito e o risco de perda de vereadores não está, de todo, afastado. Há, contudo, um elemento que pode ajudar o atual Presidente: as perturbações numa das forças da oposição que obteve um peso significativo poderão beneficiar positivamente os socialistas. Ver-se-á.