Empresa quer fazer a requalificação de cerca de 60 trabalhadores para as máquinas de injeção.
A multinacional alemã de calçado Ara Shoes anunciou, esta sexta-feira, o despedimento coletivo de mais 180 pessoas em Seia, após, em março, terem anunciado o despedimento de 130 trabalhadores, dos quais 90 eram do concelho de Seia.
Contactado pelo JSM, o presidente da Câmara Municipal de Seia, Luciano Ribeiro, confirmou que a decisão da empresa foi comunicada à autarquia no mesmo dia em que os trabalhadores foram informados no âmbito de um novo “processo de requalificação, agora nas máquinas de injeção”.
Dos 180 operários a dispensar, a empresa diz que pretende requalificar até 60 pessoas, para poderem trabalhar no processo de injeção. Ou seja, o objetivo é “limpar” a produção mais manual e fazer com que estes cerca de 60 trabalhadores recebam formação para poderem trabalhar em mais turnos nas máquinas de injeção. Com a redução de encomendas do calçado clássico, a empresa pretende adaptar-se ao mercado, “com novas formas de fabrico”, preconiza a empresa.
Luciano Ribeiro referiu que a empresa alega, ainda, que, devido à guerra, perdeu mercados como a Rússia e a Ucrânia e registou quebras na Europa estando, por isso, neste momento, também a transitar para outro tipo de produto. “Dadas as circunstâncias vai haver a necessidade de se adaptar e modernizar, criando novos produtos”, assinala o autarca.
O edil salienta que a autarquia tem feito “um acompanhamento muito próximo” com a empresa e diz ter a garantia da administração de que a unidade se vai manter em Seia, para onde o grupo continua a transferir competências. Uma das garantias dadas pela administração é que esta será a última etapa, uma vez que, agora, vão fechar a base logística do seu armazém de exportações na Áustria e transferi-la para Seia, de modo a permitir “o aumento das exportações”.
Com o despedimento de 130 trabalhadores, em março e, agora, 180 até outubro, a Ara de Seia irá ficar com cerca de 400 colaboradores, número que tinha em 2019.
O município vai continuar a acompanhar esta situação, estando a fazer a articulação entre a administração da Ara e o IEFP para que a empresa faça chegar os perfis dos trabalhadores afetados pelo despedimento coletivo para dar respostas que ajudem as famílias”.
Luciano Ribeiro admite, ainda, que é uma situação que preocupa a autarquia, mas realça que em Seia “há falta de mão-de-obra em diversos setores e pode ser uma alternativa de reconversão, assim seja a expectativa e vontade das pessoas”.
O autarca lembra que, na altura do COVID, a empresa aproveitou para se rejuvenescer. Por isso, agora, é um ajustamento”.
De referir que, das seis linhas de costura, a empresa passou para três e, agora, anuncia o fecho integral da secção de costura.
A Ara Shoes, com sede em Vila Nova de Gaia, implementou-se em Portugal em 1974, tendo a unidade de produção de Seia começado a funcionar em 1991.