Tudo indica, quando escrevi este artigo, que a AD de Luís Montenegro foi a força política vencedora das legislativas deste ano. Será, logicamente, ele o próximo primeiro-ministro. As restantes forças partidárias deverão, na minha perspetiva, adotar uma postura de responsabilidade, uma vez que vamos entrar, ou entrámos já, num ciclo eleitoral que só termina, em princípio, em 2026 com as presidenciais. Forçar mais umas legislativas durante ou logo após este ciclo frenético é, ou será, introduzir um fator de grave instabilidade que pode afetar a economia do país e ter consequências sociais. As decisões políticas necessitam de paz social e a permanente instabilidade político-partidária não ajuda a um ambiente de serenidade social e política. Já agora, não temam o CHEGA. A melhor forma de combater o CHEGA é governar bem. Governar bem é assumir o combate à corrupção como uma bandeira, acabar com os “ajeitamentos” para os protegidos, mexer nas regras da justiça para a tornar mais célere, agir com firmeza na política monetária – lembro que quem indica os que “mandam no dinheiro” são os políticos, é de um anacronismo e, quiçá, cinismo a toda a prova serem os políticos a indicarem e depois “viram” independentes e intocáveis – “pressionando” os decisores a tomarem decisões sensatas ao contrário das que têm sido tomadas ao nível dos juros e que, apenas, beneficiaram os bancos e os seus acionistas, rigorosamente mais ninguém. Governar bem é olhar para a saúde com vontade de resolver os problemas do utente, que paga os seus impostos e as taxas para a segurança social, e que tem direito a uma assistência na saúde disponível e não com permanentes e longas “filas de espera”. Se para melhorar a saúde for necessário contratar os serviços dos operadores privados, que se contratem. Não se pode é andar eternamente à espera que se resolvam os problemas (sem os privados) em nome de um SNS que nem sempre mostra funcionar bem. O crescimento do CHEGA, tal como já aqui disse, tem a ver com a insuficiência crescente das políticas e posturas face aos problemas do PS e do PSD quando estão no governo. São os únicos responsáveis.