Há muito, muito tempo que uma esmagadora maioria dos nossos políticos, evidência com clareza que está na política para tratar de si, dos seus e do partido em detrimento do povo e do país. Ao determo-nos na sua repetida atuação, facilmente chegamos á conclusão de que esta democracia e estes políticos estão longe das razões que ditaram a Revolução dos Cravos e dos princípios e conceitos que nortearam os capitães. Ao fazerem uma avaliação á evolução da democracia e ao comportamento dos políticos, os militares que ainda restam, devem sentir-se envergonhados, angustiados e tremendamente desiludidos. Aos indisfarçáveis desvios que se verificam até agora, somam-se as atitudes reprováveis dos agentes políticos em que campeiam a mentira, a demagogia e a corrupção. O povo português tem sido infelizmente a grande vítima da inesperada e execrável atuação da maioria dos seus representantes. E quanto mais avança o tempo mais cimentamos a ideia de que esta casta de políticos, salvo raras e honrosas exceções, não presta para nada.
O momento que o país vive após o ato eleitoral de 4 de Outubro constituiu um indiscutível e incontornável testemunho de que a única razão que move os políticos é o seu interesse pessoal. Uns transformam derrotas em vitórias e sonham ser poder nem que para isso tenham de esquecer ou mesmo abandonar conceitos, princípios e doutrinas do próprio partido. Outros, querem á força correr com os que lá estão e ganharam, de novo as eleições por expressa vontade do povo que a manifestou democraticamente. Outros ainda, fazem tudo para se manter no poder não tanto em nome do país e do povo mas mais numa tentativa de se eternizarem nos lugares embora seja lícito e justo ter de reconhecer que ganharam as eleições.
Ao fim e ao cabo, todos olham primeiro e acima de tudo para o seu umbigo. Uns mais que outros, naturalmente.
No meio de toda esta confusão, cada vez sentimos mais saudades de Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, Ramalho Eanes, Salgado Zenha e Álvaro Cunhal entre outros. Será que essa “tralha” não aprendeu nada ou quer, consciente e definitivamente perseguir a asneira. Se os prejuízos se refletissem neles ainda era o menos. O pior é que quem se lixa é o mexilhão, isto é o povo e o país. Amordaça-se, mente-se e rouba-se em nome do 25 de Abril e dos capitães? Triste sina a nossa e a do nosso país!