Jornal do Concelho de Seia e Região
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Pedro Fraga, senense, um dos maiores empresários portugueses na área da tecnologia

Pedro Fraga é um “orgulhoso senense” que nunca esqueceu as suas raízes. Saiu de Seia com 17 anos para estudar informática na Universidade do Minho. Como tantos outros jovens que saem e não regressam, também Pedro Fraga seguiu o seu caminho fora do concelho de Seia. Em 1987 foi um dos fundadores de uma das maiores empresas de tecnologia nacional, a ‘F3M – Information Systems, S.A.’ com sede em Braga. Tudo aconteceu à mesa de um café, em Braga, quando quatro miúdos, que estavam a acabar a licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática, na entrada do 5º ano, tiveram uma conversa sobre o que iriam fazer no futuro e todos concordaram que não queriam trabalhar por conta de outrem, nem queriam ser professores. E, assim, surgiu a ideia de criarem uma empresa, que foi crescendo. Dos quatro sócios fundadores, passou para apenas um, o senense Pedro Fraga. E o percurso de sucesso prosseguiu. Entre 2012 e 2023 foi investidor em dezenas de startups, uma das quais se tornou um dos unicórnios portugueses. Hoje em dia, já são muitos os prémios e reconhecimentos que a empresa e Pedro Fraga têm recebido ao longo dos anos. Em 2016, por exemplo, recebeu o título de embaixador empresarial de Braga por promover o desenvolvimento da economia local e divulgar as potencialidades deste nos mercados externos, considerando que este foi “o corolário de um percurso de coerência e de… querer fazer coisas.

Por questões familiares, vem várias vezes por mês a Seia. Diz que “há inúmeras coisas boas no nosso concelho” e acha que “não vale a pena estragar o muito que foi bem feito ao longo dos anos por autarcas como Jorge Correia, Eduardo Brito, Carlos Filipe Camelo e, agora, Luciano Ribeiro”. Contudo, não acredita, “sem querer ferir qualquer suscetibilidade, que Seia consiga voltar à glória industrial do passado.” E considera que, sendo Seia “o coração da única verdadeira serra portuguesa, o crescimento do concelho devia ser feito à volta do turismo de natureza, muito mais do que o turismo de neve, pois, realisticamente, os apaixonados dos desportos de neve não virão a Seia.” Leia a entrevista que Pedro Fraga deu ao JSM.

Pedro Fraga (PF): Diria que sou um orgulhoso senense que não esquece as suas raízes. Saí, para estudar, na altura optei pela Universidade do Minho, pois pretendia seguir a área designada, nesse tempo, como Informática e havia muito poucas universidades em Portugal a disponibilizarem estes cursos. Tinha a possibilidade de ir para a Universidade Nova em Lisboa ou ir para a UMinho (como aqui lhe chamamos) em Braga/Guimarães e, na altura, optei pelo Minho talvez pela novidade, talvez pela rebeldia da juventude (o mais fácil seria ir para Lisboa até porque tinha lá família) e, hoje, muito anos depois, tenho que admitir que foi provavelmente um feeling que, felizmente, deu certo.

Hoje em dia admito que o retorno a Seia para uma vida a tempo inteiro já é pouco provável, pois tenho a minha vida em Portugal dividida entre Braga e Lisboa  e admito que já me habituei muito a este tipo de vida. Gosto de vir a Seia, sempre, mas, neste momento, não prevejo o retorno. Recordo-me que no início da minha atividade profissional dizia sempre que aos 40 anos voltaria para Seia; depois passei para os 50; a partir daí deixei de o dizer, pois percebi que seria algo pouco provável.

PF: Costumo referir que é uma história… pouco interessante e depois de dizer isto é importante que o justifique. Entre 2012 e 2023 fui investidor em dezenas de startups, uma das quais se tornou um dos unicórnios portugueses e recordo-me bem que muitos dos jovens que procuravam as minhas sociedades de investimento faziam-no com projetos estruturados, com ideias claras de expansão e com definição prévia de mercados. No caso da F3M tudo aconteceu à mesa de um café em Braga, quando quatro miúdos, que estavam a acabar a licenciatura em Engenharia de Sistemas e Informática, na entrada do 5º ano, tiveram uma conversa sobre o que iriam fazer no futuro e todos concordaram que não queriam trabalhar por conta de outrem, nem queriam ser professores universitários (refiro isto pois nessa altura estive um  semestre como monitor da cadeira de Programação de Computadores da UMinho). Logo, como nenhum de nós queria entrar no mercado de trabalho numa empresa e/ou organismo público/privado surgiu a ideia: “e que tal criarmos uma empresa?” Recordo que estávamos em 1987 quando a palavra empreendedorismo não fazia parte do léxico dos jovens de 21/22 anos e numa altura em que a noção de emprego para a vida ainda ia sobrevivendo.

A partir daí a empresa foi crescendo tendo passado dos quatro sócios fundadores (dos quais resto apenas eu hoje, como único acionista do conjunto de empresas) para 10, 20, 30, 50, 100, 150 pessoas… Foi o crescimento normal. Fomos lançando novos produtos (software) para a Economia Social e Óticas; entrámos no setor da Indústria Têxtil e do Vestuário e, mais tarde, no setor da Saúde e “as coisas” foram correndo bem. Como atuamos em mercados verticais (não somos fabricantes de ERPs), a partir de certa altura percecionámos que o mercado nacional seria curto, pois enquanto por, exemplo, quem fornece ERP tem mais de 1 milhão de empresas potencialmente clientes, nós temos nichos de mercado em que existem 2, 3.000 potenciais clientes em Portugal. A partir daí iniciámos já neste século um processo de expansão internacional baseado em dois vetores: exportação pura e dura, ou seja, fornecimento de software para clientes do país X sem estar presente nesses mercados e, por outro lado, um modelo de internacionalização baseado em investimento direto e daí a nossa presença que caminha para 20 anos em Angola e Moçambique. Crescemos, também, em Portugal pela aquisição de empresas, de carteiras de clientes de empresas concorrentes, ou seja, um modelo normal de crescimento que, sem nos ter transformado numa big corp, nos permitiu, passe a imodéstia, sermos um grupo de empresas com algum relevo e reconhecimento no mercado nacional, com um pouco mais de 150 pessoas no total.

Mas, mais do que os achievements de liderança do mercado X ou Y, resultados, etc, etc, o que mais me agrada, ao longo dos anos, é o reconhecimento do modelo de gestão de pessoas da equipa, que nos permite ser, há mais de uma década, uma das 100 melhores empresas para trabalhar em Portugal, tendo no ano passado obtido um fantástico 10º lugar. E digo fantástico, porquê? Há mais de 1 milhão de empresas em Portugal, a candidatura a este prémio não tem custos para as empresas e, por isso, há milhares de empresas candidatas e muitas delas são multinacionais com margens operacionais fantásticas (muito acima das nossas), com processos de gestão testados em todo o mundo e que têm assim uma enorme vantagem em relação à F3M. Por isso, conseguir, de forma constante, estar neste ranking e estar agora no Top Ten é o reconhecimento de um modelo que tem um princípio basilar: o RESPEITO, esse intangível tão tangível, que faz com que um/uma F3Mer (colaborador da empresa) sinta que está a trabalhar numa empresa onde é profundamente respeitado na sua individualidade. Temos algumas máximas que seguimos de forma quase religiosa e que nos têm granjeado o reconhecimento de quem connosco interage: ninguém levanta a voz, nenhum administrador/diretor faz reparos públicos a um seu liderado (fazê-lo é um mero exercício de demonstração de poder…zinho), há uma enorme liberdade de gestão do tempo e sim, este pode ser menos consensual… não somos uma família, pois o que temos é uma empresa privada com fins lucrativos que pretende intervir, socialmente, de forma positiva, junto de todos os seus stakeholders, mas que, em momento algum, se mistura com a família. Sempre recusei o conceito de termos uma empresa com ambiente familiar (isso pode ser bom ou mau) e sempre recusei, também, a mistura da família dos colaboradores na vida da empresa. Talvez seja esta a razão para o facto de haver (não estou a exagerar) mais de 150 eventos diferentes por ano na empresa e contarem-se pelos dedos de uma mão, aqueles que envolvem as famílias dos colaboradores. Gostamos que esses familiares tenham orgulho na empresa do seu/sua cônjuge, pai, mãe, filho, filha… Mas não embarcamos, garantidamente, no conceito da família F3M.

Este conceito que defendo leva a que, tendo eu um filho de 32 anos, com uma carreira universitária quase ímpar em Portugal e com um percurso profissional absolutamente brilhante, a sua atividade não passou, não passa e não passará, garantidamente, pela F3M, pois as empresas não são monarquias dinásticas.

Sobre a questão da motivação, costumamos dizer que o nosso papel como empresa é contratar pessoas auto-motivadas e depois, no dia-a-dia, devemos fazer tudo para não lhes destruir essa motivação. Não temos um saco de motivação para dar aos nossos colaboradores e quem não for auto-motivado dificilmente cresce dentro da nossa organização, mas o que não podemos fazer como empresa é ter atitudes reiteradas que acabem com a (auto)motivação dos colaboradores.

Mas termino esta resposta, novamente, com o foco no respeito: de nada nos vale ter massagista, nutricionista, debates internos com figuras de topo no nosso país, day off no aniversário, biblioteca, bilhetes para espetáculos culturais, duas tardes off por mês, sem perda de remuneração, seguros de saúde, etc. etc. etc. se, no final do dia, não respeitarmos cada um dos colaboradores como uma pessoa diferente de todos os outros, ou tivermos uma organização do trabalho que o obrigue a trabalhar 10, 12, 14, 16h /dia para cumprir os seus objetivos. Tudo se baseia no respeito!

PF: Sim, essa foi uma importante distinção (sem candidatura) que recebemos há poucas semanas, por parte do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. É lamentável que apenas 15.000 empresas em Portugal tenham recebido esse selo de igualdade que distingue as empresas em que a desigualdade salarial entre mulheres e homens anda entre -1 e +1%, ou seja, na prática têm igualdade salarial. Refiro que nada fizemos para isso, não procurámos promover essa igualdade ao longo dos anos, foi algo que, admito, não tínhamos sequer consciência que tínhamos atingido. Isto tem a ver com aquilo que acima falei, o RESPEITO por todos e o facto de não olharmos, como é óbvio, para questões de género, opção sexual, opção religiosa ou, por exemplo, origem e cor de pele, quando contratamos. Aliás, acho isso tão evidente que nem sequer devia ser realçado e, mal, muito mal andarão os empregadores que tenham qualquer restrição a contratações em função dos “itens” que acabei de referir. O que é importante nas organizações é contatarmos bons profissionais e boas pessoas, bons seres humanos que ajudem a manter uma cultura de sucesso.  

PF: Foi uma escolha que, na altura, em 2012, nos pareceu natural, pois como a F3M atua em mercados verticais pareceu-nos que seria lógico estender essa atividade a países com a mesma língua e com o mesmo enquadramento jurídico. Realce-se que a empresa já atuava desde 2007 em África, mas sem uma lógica de empresa e, em 2012, entendemos criar entidades jurídicas autónomas, detidas, maioritariamente, pela empresa mãe. No caso das empresas portuguesas, a sua aquisição, ou melhor, a aquisição da maioria do capital dessas duas empresas, teve a ver com necessidades de crescimento, tanto em termos de capacidade de desenvolvimento de plataforma móveis (DotPro), como em termos de posicionamento geográfico (Megalentejo).

Em 2016, foi nomeado Embaixador Empresarial da cidade de Braga

PF: Sendo lógico que ninguém trabalha para obter reconhecimento não nego que esse reconhecimento seja, muitas vezes, o corolário de um percurso de coerência e de querer fazer coisas. Tanto em 2016, com a minha nomeação como Embaixador Empresarial da cidade de Braga, como, uns anos mais tarde, com a concessão, por parte da cidade da medalha de Mérito Empresarial atribuída no dia da cidade (5/DEZ), olhei para essas duas situações como uma forma de reconhecer uma atividade de vários anos, sempre em prol do desenvolvimento da região e do país, mas, também, olhei para esses reconhecimentos pelo facto da F3M ser umaempresa agregadora, que se relaciona bem com outras empresas e instituições académicas e que ela própria teve, e tem, ao longo dos anos sido reconhecida pelas suas boas práticas de gestão de pessoas.

Resumindo, vejo estes reconhecimentos como a forma de premiar, por assim dizer, um contributo, mesmo que modesto, para a cidade, para a região e para o país.

PF: A incorporação do tema ESG (Ambiental, Social e Organização Corporativa) na gestão da empresa é algo que me parece que sempre esteve presente mesmo antes da sigla ESG entrar no nosso dia-a-dia. As empresas têm um papel social que tem que ir além de criar emprego de qualidade (e não apenas emprego, note-se) e produzir bens e serviços consumidos por clientes. Assim sempre foi real o nosso envolvimento em tentar ter um mundo melhor a nível ambiental e daí o facto de há vários anos nos assumirmos como uma Green Company tendo abolido o plástico em todas as nossas atividades, sendo também de realçar aqui o nosso envolvimento em inúmeras atividades que vão desde desmatamento de espaços florestais, limpeza de praias, limpeza de leito de rios, etc. Realço, ainda, que o nosso edifício sede em Braga foi objeto de um forte investimento em 2023 e 2024 para o tornar um edifício auto-sustentado em termos de produção de energia e otimizado em termos de perdas de temperatura. Na componente Social admitimos que a empresa tem um importante constrangimento que nos tem que levar a ser imaginativos: em Portugal a componente social está muito ligada à extraordinária atividade das organizações sociais, como IPSS, Misericórdias ou Mutualistas. Sendo a F3M o líder nacional no fornecimento de software a estas entidades torna-se complicado, para não dizer inviável, cooperar com investimento financeiro direto às solicitações e necessidades destas entidades, pois como diz o povo “para apoiar uma temos que as apoiar a todas” e isso seria financeiramente inviável para a nossa empresa. A partir daí, o nosso modelo de envolvimento social tem sido suficientemente imaginativo para canalizar apoio e horas de voluntariado para ajudar a resolver situações que fujam do dia-a-dia das organizações sociais clientes e potencialmente clientes. Tem sido um desafio constante, mas julgo que temos sido consequentes e destaco entre centenas de ações a que tivemos nos terríveis fogos de 2017 em que de imediato fizemos em tempo recorde e oferecemos ao país a plataforma web “Juntos por Todos” para monitorizar/organizar/gerir  o apoio que, naquele momento, chegava de todo o mundo em termos financeiros, bens móveis, etc. No que diz respeito ao G de governance estamos ou tentamos estar no domínio da total transparência começando pelos nossos colaboradores. É importante que, a começar pela estrutura interna, todos conheçam o nosso rumo, para onde vamos, qual a razão da decisão A em detrimento da B, quais são os nossos resultados a cada momento, etc. Das inúmeras ações que temos a nível de uma governance aberta, realce-se as sessões “O CEO responde” onde, de forma aberta, respondo a todas as perguntas que os colaboradores queiram fazer, em ambiente presencial.  Também a nível de governance existe um princípio básico queseguimos há muitos anos: a dessacralização da função de quem lidera que tem que ser visto como um colega com responsabilidades acrescidas e não como alguém que foi ungido com um super poder e que tem uma hiper capacidade que o alcandorou à função que tem. Não, o acionista/CEO da F3M, a sua administração, a equipa de gestão, têm todos os dias dúvidas, todos os dias erram e vão continuar sempre a errar, pois são seres humanos comuns. Não pode haver liderança forte se não houver humildade, capacidade de reconhecer que se erra e capacidade de ouvirmos quem trabalha connosco que, muitas vezes, tem uma opinião extremamente válida sobre X ou Y assunto.

O princípio que acabei de enunciar leva-nos à questão da Inovação e ao facto de, ao longo dos anos, acumularmos reconhecimentos e certificações nesta área como já este ano aconteceu, sendo a F3M uma das 61 empresas portuguesas com o estatuto de Inovadora Evolution. Inovamos para sobreviver e isto é um conceito que incorporámos há muitos anos, pois inovar permite primeiro sobreviver e depois crescer. Por essa razão temos uma direção específica para esta área e temos inúmeras ações internas como os Prémios de Inovação, a Plataforma interna de Gestão de Ideias, o Hackathon F3M (24 horas seguidas a idear), o I9Actions (grupo interno de debate de temas inovadores), o IA for Everyone (grupo interno de trabalho especifico para a adoção de Inteligência Artificial por todas as áreas, pessoas e produtos da F3M), etc etc.  

Em 2024, também pela COTEC Portugal, a F3M foi distinguida com o “Estatuto Inovadora”, um exemplo para o país pela robustez financeira, liderança, gestão e desempenho da F3M… Mais uma distinção que demonstra o empenho e o trabalho que têm vindo a realizar na promoção da inovação tecnológica associada à sustentabilidade.

PF: Sim, julgo que a autarquia de Braga tem, na vertente da promoção empresarial, uma das suas maiores apostas. Tendo a autarquia bracarense um enorme dinamismo na captação de investimento externo (à cidade) ao longo dos últimos anos têm chegado a Braga inúmeras multinacionais da área de serviços, no geral, e de serviços IT, em particular. Num pensamento mais básico isto não seria positivo para a F3M, pois coloca muito maior pressão para mantermos os nossos quadros, já que passam a ser assediados por multinacionais com uma capacidade de geração de valor que nós não temos. No entanto, olho para isto de forma positiva, pois além de nos obrigar a ser melhores como organização, permitem sinergias entre empresas que mais tarde ou mais cedo vão potenciar negócios de maior escala. Mas sim, efetivamente sentimos que a CM Braga tem feito muito e de formas muito inovadoras, para afirmar as empresas sedeadas no concelho, muito em articulação com a Universidade do Minho e com o Instituto Politécnico do Cávado e Ave (IPCA).

PF: Na estrutura do RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior) está definida a existência de um Conselho Geral onde coexistem membros internos (pessoal docente, investigadores, pessoal não docente, alunos) e membros externos, sendo que este Conselho Geral tem que ser presidido por um elemento externo. Em 2018/19 fui convidado para integrar o Conselho Geral, num novo mandato que ia ser iniciado e a 1ª sessão de um novo Conselho Geral começa por escolher o Presidente de entre os membros externos (7 neste caso). Admito que foi para mim uma total surpresa quando, no final da votação secreta, percebi que o meu nome tinha recolhido a quase unanimidade dos cerca de 30 membros do Conselho. Fiz um primeiro mandato, estou a meio do 2º mandato, mas apesar de não haver limitação do número de mandatos (no atual RJIES) no discurso da minha tomada de posse indiquei que este seria o meu último mandato, pois entendo que qualquer organização precisa de se renovar e dois mandatos, cerca de 7 anos, são suficientes. Tem sido um enorme prazer estar no Politécnico do Cávado e Ave até porque é uma instituição com uma gestão executiva fantástica, com uma líder que é um exemplo do que deve ser uma liderança focada nos alunos e como eu costumo dizer… passei a ter dois amores em termos académicos, a Universidade do Minho e o IPCA.

Repare, eu acho que tudo se consegue gerir quando é feito com prazer. Ocupo hoje mais de uma dezena de cargos deste género, fazendo questão de não receber qualquer remuneração (óbvio) nem Ajudas de Custo (decisão minha). É evidente que, por vezes, isto afeta o meu dia a dia na F3M, pois tenho que gerir a agenda contando sempre com solicitações de entidades como o IPCA, o CCG (Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho) onde ocupo o lugar de Presidente do Conselho Fiscal, a Prochild (laboratório colaborativa na área da infância) onde ocupo o cargo de presidente do Conselho Estratégico, na AEBraga (Associação Empresarial de Braga) onde ocupo os cargos de Presidente da Assembleia Geral e Presidente do Conselho Estratégico, a CIP (onde ocupo um lugar na Direção Nacional), etc., etc. e por, vezes, torna-se não só complexo conciliar a agenda como, também, ter tempo para ler a inúmera documentação associada a este tipo de cargos. Mas, estas responsabilidades dão-me um enorme gozo e enquanto tiver saúde e quiserem o meu contributo continuarei a fazê-lo, pois entendo que se as pessoas me convidam para algo é porque acham que posso ser uma mais valia por pequena que seja. Por outro lado, defendo que a vida profissional não se pode resumir a work, work, work e money, money, money e temos a obrigação de devolver ao nosso país muito do que ele nos deu ao longo da vida.  

“Trata-se de uma região fantástica [Serra da Estrela] em termos de beleza natural e de uma região que tenta viver e crescer num país que caminha todo para o mar.”

Não é vergonha nenhuma aprender com quem já fez antes; é sim um sinal de grandeza intelectual e acho que a esse nível há muito para fazer no nosso concelho.

PF: Venho várias vezes, normalmente mais do que uma vez por mês, por razões familiares. A minha mãe habita em Seia e, naturalmente, se tudo o que consegui (muito ou pouco) a ela e ao meu pai o devo. Por isso, esta é a altura em que eu tenho que estar presente para apoiar quem sempre me apoiou a vida toda.

Sendo orgulhosamente senense sou suspeito para emitir uma opinião, mas tentarei fazê-lo com alguma isenção. Trata-se de uma região fantástica em termos de beleza natural e de uma região que tenta viver e crescer num país que caminha todo para o mar. Costumo até dar a imagem que um dia destes acordamos com os pés molhados, pois vivemos todos à beira mar. Temos no país um problema de modelo de crescimento e esse já dificilmente se inverte. A dificuldade de fixação e pessoas e de atração de investimento não é um problema de Seia, não é sequer um problema de vias de acesso, mas sim um problema de modelo de crescimento. Pensemos num país com uma capital gigantesca (Inglaterra). Se pensarmos na chamada Great London que concentra cerca de 16% da população do país e esta já é uma % gigantesca. Agora reportemo-nos ao nosso país… se somarmos as chamadas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto temos um pouco mais de 40% da população de Portugal!!! Com este nível de concentração, com o sucessivo retirar de serviços da “província”, é óbvio que as pessoas não ficam. Se o poder central retira do país real os hospitais, os tribunais e se até empresas privadas como os correios, bancos, etc. olham apenas para a rentabilidade e fogem do interior, eu pergunto em linguagem corrente… estamos à espera de quê?  Olhemos por exemplo para um país da nossa dimensão (+-) e com mais população do que nós: os Países Baixos. A seguir olhemos para o sistema de transporte, nomeadamente comboio, deste país e chegamos a números interessantes. Enquanto que nos Países Baixos o país tem uma cobertura fantástica de caminho de ferro em Portugal existem inúmeras regiões sem comboio (Seia, por exemplo) que são apenas servidas e mal por autocarros. Volto assim ao problema de um modelo de crescimento que se limita a privilegiar o litoral  em detrimento do interior. Seia é o interior profundo, longe das 3 principais cidades e muito longe dos centros de decisão. Tudo o que os responsáveis autárquicos conseguem em Seia é tentar combater o Adamastor do centralismo asfixiante, tentando manter o “nosso hospital” mesmo que em versão reduzida, o ensino secundário, robustecer o IPG dando melhores condições de atratividade aos alunos e, sendo realista, fomentando de forma profissional a aposta no turismo e aqui acho que há muito mais que se pode fazer e talvez fosse importante ter mais mundo, conhecendo o que de bom e mau se faz noutros países e noutros concelhos do nosso país. Não é vergonha nenhuma aprender com quem já fez antes; é sim um sinal de grandeza intelectual e acho que a esse nível há muito para fazer no nosso concelho.

“Há uns anos levei para decisão em CA uma proposta de abrirmos uma delegação da empresa em Seia, na perspetiva de criar um pequeno núcleo de desenvolvimento de software.” […] “Não conseguimos, pois não encontrámos pessoas.” […] “Era um sonho meu de muitos anos, sempre acreditei que o iria concretizar, mas não foi possível.”

PF: Uma pergunta curiosa, pois estivemos quase quase a fazê-lo. Independentemente de eu ser o único acionista da F3M não giro a(s) empresa(s) como coisa minha e existe um Conselho de Administração e uma equipa de gestão onde são tomadas as principais decisões e em que o meu peso é de 1 voto. Há uns anos levei para decisão em CA uma proposta de abrirmos uma delegação da empresa em Seia, na perspetiva de criar um pequeno núcleo de desenvolvimento de software. A proposta foi aprovada e era na altura presidente da Câmara Municipal de  Seia o meu caro amigo Carlos Filipe Camelo, pessoa por quem nutro real estima e admiração. Contactámos a CM Seia e indicámos a nossa intenção. Na altura tínhamos até já instalações escolhidas numa parceria com um dinâmico empreendedor local e, num belo dia, em conjunto com um colega meu de Administração e o nosso Diretor de Desenvolvimento de software, viemos reunir com os responsáveis da CM Seia apresentando as nossas ideias de crescimento. Não queríamos, naturalmente, qualquer apoio físico (infraestrutura) ou financeiro, mas sim uma forma de chegar às pessoas a contratar. O que posso dizer? Da parte da autarquia o apoio foi total e aqui escrevo TOTAL em maiúsculas. Foi estabelecida a ponte entre a autarquia e a nossa empresa e tínhamos como objetivo começar por criar um núcleo de desenvolvimento de 10 pessoas, com um líder local que seria esse jovem empreendedor senense. Rapidamente de 10 passámos para 8, depois 5 e, numa última fase, já nos contentávamos com 3 pessoas para arrancar. Confesso que não conseguimos e aqui este plural refere-se à nossa empresa  e à autarquia. Não conseguimos, pois não encontrámos pessoas. É preciso perceber que a tipologia de emprego que uma empresa como a nossa cria é o tipo de emprego que interessa a regiões como Seia, pois na área de IT não se discute salário mínimo e, dificilmente, há empregos remunerados abaixo de 4 dígitos. Tenho que admitir que surgiram jovens sequiosos de trabalhar no mundo IT, mas uma coisa é jogar PlayStation noites a fio e achar que se gosta de tecnologia e outra é ter alguns skills para entrar em áreas de desenvolvimento de software. Reconheço que a autarquia fez um esforço enorme, fez vários contactos e, a partir de certa altura, tentou fazer até pesca à linha mas não foi possível encontrar pessoas. Repare que eu sou um claro defensor que as empresas têm que disponibilizar formação aos seus quadros, não é isso que está em causa, mas sem qualquer soberba, numa indústria de desenvolvimento de software não é possível abarcar várias pessoas (à distância) com conhecimentos nulos do setor. Aliás nessa altura o meu caro amigo (Professor) José Adelino Ascensão, amigo de mais de cinco décadas e engenheiro de sistemas como eu, tentou também cooperar ativamente na procura de gente, mas  os seus esforços também se goraram.

Seia mesmo com ensino politécnico, com uma forte vertente turística (lógico), não disponibiliza formação superior ou pré-superior (TESP por exemplo) nas áreas de desenvolvimento de software e isso torna muito difícil, para não dizer inviável, existirem jovens ao dispor para investimento no sector de IT

Era um sonho meu de muitos anos, sempre acreditei que o iria concretizar, mas não foi possível. Repare que, a nível de desenvolvimento, já tivemos uma operação com dezenas de pessoas na Índia, temos agora uma operação no Brasil em dois estados (São Paulo e Santa Catarina) e, por isso, criar uma operação em Seia, onde nasci e vivi até aos 17/18 anos seria um sonho concretizado. Seia mesmo com ensino politécnico, com uma forte vertente turística (lógico), não disponibiliza formação superior ou pré-superior (TESP por exemplo) nas áreas de desenvolvimento de software e isso torna muito difícil, para não dizer inviável, existirem jovens ao dispor para investimento no sector de IT, no subsector de desenvolvimento de software. O grau de sofisticação do IT português (e aqui não falo da F3M, mas sim do mercado em geral) não se compadece com “gosto muito de computadores, gostava de tentar algo numa empresa de desenvolvimento de software”.

“Eu acho que a falta de pessoas é o principal problema do interior e de Seia.” […] “Se não captar gente, Seia vai definhar e, por isso, temos que nos tornar uma cidade aberta para todos, pois ninguém investe onde não há pessoas para trabalhar.”

PF: Ao falarmos de acessibilidades tento sempre separar o que são eixos rodoviários e o que é caminho-de-ferro. Em relação a este último, a situação de Seia é má, sendo similar à de inúmeros concelhos neste país. Portugal negligenciou e continua a negligenciar a via-férrea como meio preferencial de transporte de pessoas e mercadorias e, nesse aspeto, estamos a anos luz dos nossos vizinhos espanhóis, da Bélgica, dos Países Baixos, por exemplo. Sim, a esse nível Seia não está favorecida. Em termos de eixos rodoviários há um caminho que tem sido percorrido e admitindo que para as autarquias haja sempre necessidade de mais e mais eixos rodoviários, não sinto que isso seja um problema e digo há muitos anos: as estradas que trazem pessoas são as mesmas que as levam. Quando no meu 5º ano de universidade adquiri, pela primeira vez, um carro (um Renault Super 5 TLC na Electro Mecânica Ideal de Seia) demorava 6h30 para vir de carro de Braga a Seia. Hoje demoro pouco mais de 2h. Ok, dir-se-á que a tipologia de carros que uso não é a mesma e a experiência de condução também é maior, mas estamos a falar de 1/3 do tempo. Logo, não podemos dizer e falar continuamente em mais e mais estradas, pois não temos país para isso. Eu acho que a falta de pessoas é o principal problema do interior e de Seia.  Temos que ser atrativos para quem quer vir de fora para Seia e, nomeadamente, quem quer vir do estrangeiro para Portugal. Vivo numa cidade que já foi apresentada na TV Globo como Bragasil, pela existência de muitos cidadãos de origem brasileira. Ótimo, pois a cidade sabe receber. Em Seia temos que captar e saber receber de braços abertos cidadãos de várias nacionalidades, credos ou cor de pele, sem o mínimo laivo de xenofobia e sem contribuirmos para a “lenga lenga mentirosa” da insegurança, que apenas favorece uma visão societária profundamente salazarenta. Se não captar gente, Seia vai definhar e, por isso, temos que nos tornar uma cidade aberta para todos, pois ninguém investe onde não há pessoas para trabalhar.

“…só com mais pessoas haverá mais investimento.” […] “Sim, o risco existe, mas a alternativa é morrermos como país daqui a algumas gerações e a nossa cidade de Seia definhar por falta de investimento.”

Há muitos anos, um professor universitário da UMinho que marcou toda uma geração (o saudoso Professor Altamiro Machado) dizia que às instituições de ensino superior faltava um Diretor de Marketing que trabalhasse a imagem da instituição X para a tornar mais atrativa que a instituição Y. O marketing territorial é algo trabalhado há muitos anos, mas sempre numa perspetiva de atracão de turistas e de investidores. Cada vez mais as autarquias têm que se promover para atrair pessoas sem ter medo que a vox populi local chame a isso… andam a estoirar dinheiro a promover Seia no Brasil ou na Argentina e deviam era gastar esse dinheiro para tapar aquele buraco que está à minha porta. Seia hoje compete com centenas de concelhos para atrair mais e mais pessoas para trabalhar e essas pessoas podem vir do Brasil, do Senegal, do Bangladesh… pois só com mais pessoas haverá mais investimento. Ao contrário das vozes mais conservadoras, sou defensor da captação massiva de trabalhadores e famílias estrangeiras para Seia, para Gouveia, para Braga, etc., mesmo correndo o risco (reconheço-o) de em milhares de pessoas que procuram Portugal haver algumas que não nos procuram pelos melhores motivos. Sim, o risco existe, mas a alternativa é morrermos como país daqui a algumas gerações e a nossa cidade de Seia definhar por falta de investimento. O pensamento pequenino similar ao de Salazar e Caetano conduziu este país a uma amputação intelectual para a qual, como diria Al Pacino em “O Perfume de Mulher”, não há próteses. Temo que essa amputação intelectual esteja, novamente, a fazer o seu caminho em todo o mundo, com alguns seguidores em Portugal e que  uma cultura isolacionista e de rejeição do que é diferente (em 1933 a Alemanha começou assim) nos torne um país sem gente e torne Seia um concelho em que as pessoas  mais novas não ficam e os investidores não colocam 1€. Falando agora como empresário, quem cria emprego são as empresas e não o estado e quem não capta empresas não retém pessoas.

“Temos muita coisa dispersa, muita coisa mal sinalizada, muito spot turístico com acessos fracos (ninguém gosta de andar a fazer todo o terreno com um carro familiar), algum desleixo em algumas zonas e numa competição feroz pela captação desse bem precioso que é o turista, todos os pormenores contam.”

PF: Há inúmeras coisas boas no nosso concelho e acho que não vale a pena estragar o muito que foi bem feito ao longo dos anos por autarcas como Jorge Correia, Eduardo Brito, Carlos Filipe Camelo e, agora, Luciano Ribeiro que tive o grato prazer de conhecer, recentemente, na SCM Seia através do meu bom amigo e grande senense Paulo Caetano. Mas, há algo que se pode fazer e penso que deveria haver um foco claro, sem medo de ser algo como um all in naquilo que é principal potencial do concelho: o turismo. Por mais que pensemos, vamos parar aí e sinceramente a aposta talvez necessite de ser um pouco mais estruturada. Temos muita coisa dispersa, muita coisa mal sinalizada, muito spot turístico com acessos fracos (ninguém gosta de andar a fazer todo o terreno com um carro familiar), algum desleixo em algumas zonas e numa competição feroz pela captação desse bem precioso que é o turista, todos os pormenores contam. Há inúmeras cidades neste mundo que vivem do turismo e têm orgulho nisso. Há inúmeros locais em Portugal que se reinventaram para captar turistas e muitos deles, da sua própria região. Ponte de Lima é disso um bom exemplo, uma terra pequena com milhares de visitantes 52 semanas por ano. Mas, muito realisticamente, será que se pensa devidamente a forma de captação de turista? Que turista?  Ok, vamos buscar uma empresa de consultoria que, provavelmente, coloca (sem desprimor) dois estagiários a fazer uma análise da promoção do turismo na nossa cidade, estagiários (ou não) esses que visitaram em voo low cost Paris e Londres, mas não conhecem os casos de sucesso de Arcos de Valdevez, de Ponte de Lima ou de Amarante. Não vejo, sem querer ferir qualquer suscetibilidade, que Seia consiga voltar à glória industrial do passado e vejo como complexo que Seia possa ser um hub de serviços,  algo em que muitas cidades médias (acima de 150/200.000 habitantes têm apostado), sendo Braga um belíssimo exemplo. Sendo Seia o coração da única verdadeira serra portuguesa, o crescimento do concelho devia ser feito à volta do turismo de natureza, muito mais do que o turismo de neve, pois, realisticamente, os apaixonados dos desportos de neve não virão a Seia. Quando me perguntam como contribuir, diria que quem conhece quase uma centena de países, desde “cidades capital” até a pequenos locais recônditos que se reinventaram para serem ímanes turísticos terá, com certeza, algum conhecimento das motivações de quem viaja.

“… sempre referi que há 3 coias que tenho sempre que referir em intervenções públicas: a F3M, Seia e o Sporting Clube de Portugal.”

“… o meu principal projeto, neste momento, é contribuir na minha empresa para levar a nossa solução Wounds.AI (dispositivo médico para o tratamento de úlceras de pressão) para o maior número possível de países.”

PF: Saí de Seia há mais de 40 anos em termos de vida profissional embora pudesse dizer que Seia não sai de mim, pois assumindo sempre que adoro viver em Braga, nunca, em qualquer intervenção pública, deixei de me assumir como senense. Aliás, sempre referi que há 3 coias que tenho sempre que referir em intervenções públicas: a F3M, Seia e o Sporting Clube de Portugal. Agora falando em termos profissionais e sendo frontal, o meu principal projeto, neste momento, é contribuir na minha empresa para levar a nossa solução Wounds.AI (dispositivo médico para o tratamento de úlceras de pressão) para o maior número possível de países. Quando e se isso acontecer, sem me pôr em bicos de pé, poderei dizer que talvez a minha empresa atinja uma valorização que tornará impossível eu resistir às várias ofertas que tenho tido nos últimos anos para fazer um exit total daquilo que construí profissionalmente nos últimos 38 anos. Nessa altura quero pôr a minha experiência e algum know-how ao serviço de quem precise, sem qualquer objetivo económico: mentoria a jovens, pequenos investimentos no maior número possível de pequenos projetos de base local, etc. Cansei-me de investir em startups das áreas de IT, medtech, etc e numa fase final de carreira quererei ser útil para um mundo de empresas mais reais, aquelas que não são criadas à espera de vender para todo o mundo, mas, muito provavelmente, apenas para aquela rua, aquela vila, aquele concelho, etc. E sim, como projeto pós-profissional quererei ajudar o meu filho a chegar à liderança daquilo que os dois (e não só) chamamos “O nosso grande amor” – o Sporting, clube tão mas tão maltratado nos últimos 25/30 anos incluindo os últimos 6 que muitos (erradamente, na minha opinião) consideram um período de sucesso. Não indo já eu a tempo de me meter nessa empreitada de vida que é liderar um clube com esta dimensão, terei todo o gosto em ajudar o Miguel a conseguir esse objetivo, que foi, sei-o bem, uma das razões, porque, recentemente, deixou de viver no estrangeiro, retornando a Lisboa.

“… tenho de ter a humildade de reconhecer que quem ficou e lutou diariamente contra a interioridade e contra a asfixia do poder central é um verdadeiro herói.”

PF: Sim, uma mensagem de forte admiração pelo que fizeram pelo concelho. Todos eles, sem exceção, são muito mais importantes para o desenvolvimento do concelho do que eu, que saí e não voltei. Não tenho qualquer sentimento de culpa por isso, como é óbvio, mas tenho de ter a humildade de reconhecer que quem ficou e lutou diariamente contra a interioridade e contra a asfixia do poder central é um verdadeiro herói. Não posso deixar de lançar um repto sobre algo que como cidadão me preocupa cada vez mais: continuem diariamente a lutar por um concelho melhor, mas, fundamentalmente, um concelho aberto para receber novos cidadãos vindos de outras partes do mundo.

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