Os debates no parlamento, por ocasião da discussão e votação das moções de censura e de confiança, foram um verdadeiro hino à hipocrisia, ao cinismo e ao calculismo, em que ninguém se salva, e uma demonstração de desprezo pelos portugueses, cujo nome invocam para satisfazer os seus interesses pessoais, mesmo que, para isso, desçam ao nível mais baixo de educação e decência, quando deviam dar o exemplo.
É óbvio que o PM foi imprudente e não foi claro nem oportuno a esclarecer o assunto da sua empresa, mas não existe nenhum crime em o PM ter uma empresa, ser casado com alguém que aufere rendimentos ou ter uma sociedade com filhos.
Se estivesse mesmo em discussão a “ética” e fosse aplicado o mesmo princípio a todos os governantes e aos deputados da AR, a maioria não estaria lá.
Os mesmos deputados, de todas as cores políticas, que estão de manhã no parlamento, pagos pelos contribuintes e eleitores, a falar de ética e conflitos de interesses, e à noite, pagos pelos canais de televisão, a comentar e a opinar sobre os assuntos da manhã.
Sim, eu prefiro governantes e decisores que tenham passado e experiência fora da política, com vivência do país real, e as apliquem na governação e decisão, e que também tenham futuro fora da política, pois é isso que garante a independência e a insubmissão.
Não quero um país, uma câmara municipal, uma freguesia ou um departamento qualquer dirigidos por dependentes, marionetes e parasitas políticos, que já abundam por aí, e por aqui.
Não deixa de ser curioso que o partido que vem levantar suspeitas, em nome da ética na política, sobre o PM e os seus familiares, admitindo mesmo ouvir estes numa comissão parlamentar de inquérito, num precedente perigoso, seja o mesmo que sonha com António Vitorino para Presidente da República.
Estas eleições, além de poderem premiar o populismo e manter ou mesmo reforçar uma maioria de direita, terão impacto nas eleições autárquicas, assim como nas presidenciais.
Ainda estou para ver quantos e quais os políticos que vão aceitar não integrar, simultaneamente, as listas autárquicas e as legislativas. Muitos deles correm o risco de ficarem desempregados, pois não querem nem sabem exercer outra atividade.
Também esta situação vai beneficiar Gouveia e Melo e, na verdade, dada a cada vez mais provável fragmentação do parlamento, o presidente da república vai assumir um papel mais importante e vamos precisar de um PR menos “selfie” e palavroso e mais “fully” e consciente do valor da palavra.
PROCURA-SE, ALGUÉM QUE
SAIBA GOVERNAR PORTUGAL
E SE INTERESSE PELOS
PORTUGUESES