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“Todas as Coisas Maravilhosas” interpretado por Ivo Canelas. JSM conversou com o ator.

JSM conversou com o ator que vai apresentar este monólogo, no próximo sábado, dia 4, no Teatro Municipal da Covilhã

“… o que importa é acordar, porque cada vez que acordamos é uma possibilidade que temos.”

O monólogo “Todas as Coisas maravilhosas”, interpretado por Ivo Canelas e produzido pela H2N, está, desde setembro e até novembro de 2023, em digressão por todo o país, depois de quatro temporadas esgotadas em Lisboa, com mais de 250 espetáculos e com mais de 30.000 espectadores, entre 2019 e 2023.

O monólogo foi escrito por Duncan Macmillan, estreado com enorme sucesso no Fringe Festival e levado à cena em diversos países.

Um espetáculo em que Ivo Canelas, um dos atores mais carismáticos da sua geração em Portugal, convida o público a participar e recordar a importância de reconhecermos e nos deslumbrarmos com as coisas que nos rodeiam, abordando, de forma emocionante, temas como a depressão, suicídio, a família e o amor. Nesta peça, que assume um carácter imersivo, uma criança vai escrevendo, à medida que cresce, uma lista de coisas maravilhosas, razões para viver, com o intuito de tentar ajudar a mãe a recuperar de uma depressão, depois da sua primeira tentativa de suicídio.

A Saúde Mental é um tema que nos últimos tempos tem sido trazido para a discussão e debate público, como forma de sensibilizar para a sua importância, alertando para os cuidados necessários para a sua manutenção, identificar sintomas de perturbações mentais e diversas formas de pedir ajuda. É por tudo isto que esta peça nunca foi tão relevante como nos dias de hoje.

O JSM falou com este ator nacional.

Jornal de Santa Marinha (JSM): Depois de 4 temporadas esgotadas em Lisboa com mais de 250 espetáculos e mais de 30 mil espectadores, entre 2019 e 2023, o que é o público ainda pode esperar deste Monólogo?

Ivo Canelas (IC): Este monólogo é, acima de tudo, um hino à vida. Não é nenhum espetáculo cor-de-rosa. Na minha opinião, o cartaz engana muito com aquele ar de Broadway. É um espetáculo que toca dois extremos. Tem uma alegria e uma tristeza profundas e vivem as duas em simultâneo e nenhuma exclui a outra. É um bocadinho como a vida, ora é uma comédia dramática, ora é um drama cómico, depende dos dias. É um espetáculo que aborda temas complicados como o suicídio, a depressão, as doenças mentais, como processar o luto, mas também como encontrar estratégias de sobrevivência e como é importante pedir ajuda quando somos diagnosticados ou afetados por doenças mentais. E aí a coisa mais corajosa será pedir ajuda e não engolir tudo ou fingirmos que somos muito fortes.

JSM: ”Todas as Coisas Maravilhosas”, de Duncan McMillian, aborda estes temas complexos, como referiu… É importante chamar a atenção para esta problemática que tantas pessoas afeta, nem que seja através de um espetáculo…

IC: Um dos parceiros que tivemos foi o “SOS, Pessoa Amiga” que nos apoiou desde o início e que fez com que, de alguma forma, validasse o tema, devido à sua delicadeza. Foi um espetáculo que foi visto por muitos psicólogos e se continuássemos em frente, mais psicólogos, terapeutas e pacientes viriam assistir. Este espetáculo foi muito validado por eles. É uma pequena máquina teatral. O Duncan McMillian escreveu este monólogo, que foi adaptado por mim e pelo meu querido amigo Paulo Regato. Foi construído de forma arquetípica e é a história de um miúdo que escreve uma lista de coisas maravilhosas, para tentar convencer a mãe de que há razões para viver, depois da sua primeira tentativa de suicídio. E é o que acontece a este miúdo ao longo de 27 anos. E é o que acontece ao longo de uma vida inteira. É uma história que tem uma pequena característica: não se passa num palco oficial e não há uma relação palco-plateia. Eu estou no centro e as pessoas estão sentadas à roda, quase como simulando uma sessão de terapia de grupo…

JSM: No fundo, há uma interação entre o Ivo e o público…

IC: Há uma pequena interação, sim, eu requisito a participação de algumas pessoas do público, através de papéis. Entrego papéis a várias pessoas do público, que têm números e esses números têm uma frase maravilhosa que faz parte dessa lista. Ao longo do espetáculo vou dizendo esses números e as pessoas vão intervindo, ou seja, vão lendo essas coisas maravilhosas. Depois requisito, também, a participação de uma mão-cheia de pessoas para representar, de uma forma muito ligeira, algumas personagens. Ninguém é obrigado a nada, obviamente, mas tento sempre que as pessoas confiem o suficiente em mim para participar.

JSM: Este monólogo levou-o até Luanda. Foi a sua primeira internacionalização. Como é que correu? A recetividade foi boa?

IC: Correu muito bem, foi muito boa, tivemos a sorte de ter um público muito diversificado e eclético. Isto é muito importante para o espetáculo, porque ajuda a criar uma representatividade da humanidade mais universal. É muito importante que o espetáculo tenha crianças, tenha idosos, tenha homens, tenha mulheres, tenha locais, tenha estrangeiros, tenha brancos, tenha negros, tenha de tudo, porque é isso que reflete a nossa humanidade e a nossa diversidade. E neste sentido, acho que o espetáculo ficou muito tocante quando estamos representados em toda a nossa maravilhosa complexidade e diversidade.

JSM: Esta viagem tem sido maravilhosa, tem sido incrível, de certeza. E este espetáculo, também. Em 2020, o Ivo foi distinguido com o prémio “Espetáculo Solo” pela Guia dos Teatros e “Todas as Coisas Maravilhosas” integrou a lista dos 30 melhores espetáculos de 2019 pela Comunidade Cultura e Arte. Isto é um reconhecimento de todo o trabalho que tem vindo a realizar ao longo do seu percurso…

IC: É maravilhoso, os prémios, o reconhecimento do público, dos colegas… É sempre maravilhoso quando as pessoas reparam e premeiam o nosso trabalho. Mas este espetáculo tem uma característica muito curiosa que é, para mim, o maior reconhecimento: o “feedback” por parte das pessoas que o viram. No final, aquela sala tem uma alegria muito grande e há ali uma energia muito particular, pelo menos na minha experiencia de ator, que é uma experiencia de uma comunhão e de uma celebração.

JSM – O Ivo vai estar no Teatro Municipal da Covilhã, este sábado, dia 4 de novembro, onde vai abordar estes temas “tabus”. O seu espetáculo mostra, precisamente, todos estes assuntos, porque reconhecer a fragilidade é um ato de coragem…

IC: Sem dúvida nenhuma. As estatísticas que saíram no mês passado sobre a quantidade de suicídios em Portugal são assustadoras. São números muito elevados e, realmente, o que este texto propõe, de uma forma tocante, é mostrar-nos o que somos, em todas as nossas forças e fraquezas. Por outro lado, permite-nos treinar a capacidade de nos deslumbrarmos e repararmos nas coisas simples da vida. Quando começamos a afundar-nos em questões de doença mental, de depressão, o que for, precisamos de ajuda profissional. O amor da nossa família é muito importante, mas pode não ser o suficiente, porque não contêm as ferramentas necessárias para nos ajudar. E as doenças mentais são profundamente devastadoras, não só para quem sofre delas, mas também para toda a família que está à sua volta. Portanto, a capacidade de pedirmos ajuda não é um ato de fragilidade, mas é um ato de coragem, é algo muito importante para salientar e penso que o espetáculo destaca isso de uma forma muito clara, diria até quase brutal.

JSM: Ivo, já agora, uma lista de coisas maravilhosas que têm acontecido na sua vida e que ainda espera acontecer?

IC: Há uma coisa maravilhosa que este espetáculo me ensinou e me relembrou: acordar. Acordar é algo maravilhoso e, ao longo da minha adolescência, acordei sempre tão maldisposto… Mas não faz mal, o que importa é acordar, porque cada vez que acordamos é uma possibilidade que temos.

JSM: Estamos vivos…

IC: Estamos vivos. Coisas tão simples como ir passear a minha cadela, como estou a fazer agora… Tive a possibilidade de, ao longo do dia de trabalho, estar com ela. Já há uma maior sensibilidade em aceitar animais nos locais de trabalho, e isso é uma coisa maravilhosa. Esta sensibilização da sociedade em relação aos animais, às crianças… é maravilhosa Vemos imagens de mães a amamentar a sua criança numa sessão parlamentar… Não há nada mais maravilhoso que evoluir, de trazer uma criança para o universo da política, por exemplo. São coisas maravilhosas.

JSM: Projetos para o futuro? O que é que tem em mente?

IC: Já tenho um projeto com o Ivo Ferreira que vai sair agora em breve. É um realizador português por quem tenho muito carinho. Vou começar a filmar com ele já em janeiro. Portanto já tenho muito com que me entreter nos meses que aí vêm.

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